Explodiu em
gritos, quando o seu time marcou o gol, aquele gol era suficiente para a
classificação que não aconteceu devido ao gol marcado nos minutos finais pelo
centroavante adversário. Cabisbaixo arriou a bandeira, foi embora, triste.
sexta-feira, 15 de junho de 2018
terça-feira, 12 de junho de 2018
VISITA
Entre, não arrepare na desordem,
o tempo anda
escasso
e ainda sou desorganizado. Se acomode, a casa é simples mas o recebo de todo coração. Onde tem andado? Poderia ter dado notícias, mandado carta, telefonado, enviado um e-mail. O bom é que você veio, estou feliz por isto. Me dê um abraço, vamos celebrar o nosso encontro, bebendo uma taça de vinho e brindar ao deus Baco, provando que a vida é bela apesar de tudo. |
VEREDAS
Grandes são os caminhos, de estreitas veredas. Grande ser tão veredas, a palmilhar os ermos dessa vida. |
.TUDO QUE PARECE PODE NÃO SER
Tudo que
parece pode não ser,
o que está a olho nu
pode estar escondido nas entrelinhas,
dissimulado nas segundas intenções.
o que está a olho nu
pode estar escondido nas entrelinhas,
dissimulado nas segundas intenções.
TRISTE MADRUGADA
Na
madrugada de domingo
ele se enforcou.
Para ele não haverá mais madrugada,
nem galos cantando.
ele se enforcou.
Para ele não haverá mais madrugada,
nem galos cantando.
LETREIROS DE NEON
Os
letreiros de neon embaralham meus olhos,
ando
cidade afora, feito zumbi.
Há tantos
desejos em mim nessa noite,
eu quero
todos.
Os
automóveis passam apressados,
os
seus faróis parecem
fragmentos de discos voadores.
A! quem
me dera se existissem discos voadores
e
abduzisse todos os meu desejos,
mas
discos voadores não existem!
Sigo
cidade afora levado pelos desejos,
e em cada
esquina quero consumá-los,
mas em
cada uma delas só encontro,
letreiros
de neon em apelos comerciais.
TRANS
Quando
olhar para mim
e
pensar que sou, não sou,
sou
duplo querendo ser uno,
dissonância
entre corpo e desejo,
masculino
e feminino
em
plena diáspora.
TEMPOS DIFÍCEIS
Nos dias de hoje não saia de casa,
não abra a porta,
não abra a janela
Tome cuidado o inimigo te espreita na esquina,
ferozes, empunhando seus fuzis.
Vivemos tempos difíceis,
oh! Quem me dera ver aquela luz no fim do túnel!
não abra a porta,
não abra a janela
Tome cuidado o inimigo te espreita na esquina,
ferozes, empunhando seus fuzis.
Vivemos tempos difíceis,
oh! Quem me dera ver aquela luz no fim do túnel!
TEMPLO
Meu Corpo é o meu templo,
se sagrado ou profano, não importa,
nele mora os meus desejos,
guardiões da minha essência.
..
TARDE QUALQUER
Estou
deitado vendo TV,
e
ouvindo as babaquices do apresentador gordo,
entrevistando
um loura burra,
com
ares de celebridade.
Desligo
a TV,
ligo
o rádio para ouvir o futebol,
para
ouvir o locutor tentando fazer do cabeça de bagre,
o
craque da bola.
Abro
a janela e vejo os crédulos passarem
indo
a igreja para expiar seus pecados e acertar as contas com Deus,
e
depois dormir o sono dos justos.
Volto
a TV do mesmo apresentador e suas
babaquices,
que
agora solta gargalhadas do ridículo alheio.
VIAGEM
Eu, quase sonâmbulo, olhando a noite,
pela fresta da janela,
talvez procurando objetos voadores não identificados,
talvez procurando nada.
pela fresta da janela,
talvez procurando objetos voadores não identificados,
talvez procurando nada.
Vejo uma estrela sozinha,
e enterneço com a sua solidão,
quero abraçá-la, bobagem, é tão longe!
Veio o sono, mergulho na profunda
e recôndita escuridão,
viajo galáxias.
e enterneço com a sua solidão,
quero abraçá-la, bobagem, é tão longe!
Veio o sono, mergulho na profunda
e recôndita escuridão,
viajo galáxias.
SUSSURROS
Sussurros na madrugada na rua perdida,
corpos roçando amores suburbanos,
orgasmos proletários,
inundados de lascívia, suor e desejos.
SINOPSE
Comecei a fazer poesia já na
adolescência sem no entanto levar a sério o ofício
de fazer poesia. Apenas pura
traquinagem de garoto, bela traquinagem diga-se. Os anos passando, fui mundo
afora batalhar a vida e nada de fazer poesia, mas lendo muita poesia, prosa,
enfim todo livro que me desse bagagem informativa e humana, bagagens essas que
vieram contribuir de forma significativa na minha
Muito se tem discutido a função
do artista, sem que conclusão alguma tenha chegado, de fato tal discussão é de
longa data e cada teórico tem asua opinião.
Arte pra mim não é simples
fruição, arte é engajamento, compromisso, fruição e desbunde é coisa para
burguês.
Foi com esse compromisso e
engajamento que eu desenvolvi na minha poesia e agora está reunido nesse livro
que eu chamei UM GRITO EM CADA POEMA, e de fato cada poema é um grito.
Gritar pelas causa sociais, falar
de um sistema perverso, o Capitalismo, estar em consonância com o que se passa
no mundo, as guerras, os genocidas.
Gritar contra as incertezas e
medo do homem do nosso tempo, gritar contra a intolerância, contra a falsa
ideia de felicidade, gritar contra a solidão das noites vazias, gritar contra a
inadequação de estar no mundo, falei da libido dos animais, discutioamor de
forma filosófica, ousei ser criança e a ela também dediquei os meus gritos.
SERÁ?
O que foi feito dos velhos camaradas?
Apertar as mãos dos velhos canalhas?
Será que minha ideologia caducou,
que perdi o bonde da história?
Sei não.
Desconfio que os velhos camaradas se corromperam
e isto é muito triste.
Apertar as mãos dos velhos canalhas?
Será que minha ideologia caducou,
que perdi o bonde da história?
Sei não.
Desconfio que os velhos camaradas se corromperam
e isto é muito triste.
SER MENINO
Deixe
voar, menino,
a
reboque do vento,
a
magia de ser criança.
Não
se preocupe com o tempo,
o
seu tempo agora é voar,
então
voe menino, mesmo que não tenha asas,
você
pode, ser menino é voar!!
SENTIDOS
Beber
sua saliva,
cheirar
seu hálito,
sentir
o seu sexo latente
e
cheio de volúpia
pronto
para a cópula.
SENHOR DE SI MESMO
Vade
retro satanás,
com
a dicotomia, Deus e o diabo,
o
homem é senhor de sim mesmo.
SENHOR CAPITALISMO
Senhor
Capitalismo, veja a fila enorme que há nos quarteirões, Senhor Capitalismo!
Sei que o Senhor
é desprovido de compaixão e que é vã esse meu apelo.
E nem sequer vai
ceder um pouco, porque o seu egoísmo é atroz.
Como é doloroso não ter como levar comida para
os seus filhos, Senhor Capitalismo,
mas como a sua
mesa está farta, o que importa isso!
Mas como é
doloroso não ter onde morar com os filhos, mas o que importa isso, Senhor
Capitalismo,
mora-se em
suntuosa residência!
Como é doloroso
não ter assistência médica, Senhor Capitalismo,
Mas o que
importa isso, Senhor Capitalismo,
Dispõe-se dos
mais renomados médicos!
Como é doloroso,
não ter educação, para os filhos, Senhor Capitalismo,
se os seus
estudam nas mais conceituadas escolas!
Como é dolorosonão
ter terra para plantarSenhor Capitalismo
mas o que
importa isso, Senhor Capitalismo,
se é vasto o seu
latifúndio!!
Mas o pior é não
ter direito à esperança, Senhor Capitalismo,
mas o que isso
importa, não é mesmo?
Se para o Senhor
as possibilidades são várias!!
Mas pelo menos
me permita dizer uma coisa Senhor Capitalismo, o Senhor é um monstro!!
SEM LIMITES
Eu
não quero ter razão
quero
ser a anti-razão,
quero é perder o juízo,
fazer
de você a minha doce loucura,
sair
do óbvio, do sensato,
do
lugar comum, burlar todas as normas,
regras
e convenções, não importa,
eu
quero mais é viver esse amor,
sem
limites
SEM DESTNO
Estou aqui parado aqui na BR,
esperando que alguém me dê carona.
Para onde vou? Sei lá!
Talvez pra onde o vento me leve.
Nas costas, a mochila,
velha e rota companheira,
onde carrego meus víveres,
e as sandálias já desgastadas pelo tempo,
velha companheira de viagem,
suportam o meu corpo.
Os carros passam apressados,
nada de atender ao meu aceno, deixe estar,
não tenho pressa.
E volto a acenar, e um velho Ford,
atende ao meu aceno,
lá vou eu, mundo a fora,
sem destino.
E volto a acenar, e um velho Ford
atende ao meu aceno,
SAGA
Senhor
burguês, o meu sincero bom dia,
humildemente
o cumprimento e me apresento,
para
doar a minha mais valia,
cheguei
aqui aos trancos e barrancos
vindo
de onde o Judas perdeu as botas,
onde
na minha humilde cama nessa noite, fiz
amor.
E
depois de tomar o café puro, pois me faltou o pão,
fiz
tirana viagem
para
cumprir o longo fardo.
Trouxe
na marmita, feijão, arroz, ovo frito,
e
alguns pedaços de tomate,
e se
não for ousadia convido para comer
comigo,
na
hora do almoço, o meu singelo pasto,
depois
arrotar o gosto, cochilar a labuta.
ROTINA
Bebo
café.
como pão,
cuspo minha saliva,
vou ao banheiro e jogo
as minhas merdas fora.
Nada a fazer
a não ser ver o tempo
passar,
calmo,
tranquilo
tedioso,
senhor tempo,
dono de nós.
como pão,
cuspo minha saliva,
vou ao banheiro e jogo
as minhas merdas fora.
Nada a fazer
a não ser ver o tempo
passar,
calmo,
tranquilo
tedioso,
senhor tempo,
dono de nós.
RIO SANTO ANTÕNIO
O que sou, daquilo que fui?
Nada. Apenas um fiapinho
da abundância que fui.
Estou fraco, esquelético,
estou sufocado, sem respirar com
as entranhas entupidas, estou dando o
último suspiro,
agonizo e me causa tristeza a indiferença
daquele que anos a fio carreguei no meu leito.
Por mim passaram os que abasteciam os armazéns.
Sobre o meu leito transportei o gado,
gente que chegava que partia,
gente que pescava pra matar a fome,
infelizmente não pude evitar a morte
daqueles que se aventuravam,
fui eu que na cheia fertilizava as margens,
abastecendo com fartura dos paióis,
aqui nasceu uma cultura, lenda, mitos
fui testemunha ocular da estupidez humana,
fui esse gigante esquecido e enjeitado
que carregou no seu bojo de forma generosa tudo
isso,
só não se esqueça de uma coisa também,
se eu morrer, morrerão todos vocês.
RESES
As sirenas aflitivas
chamam os seus cordeiros
e eles vão, ganhar os
seus míseros vinténs.
Na boca o gosto do
café, pão e manteiga,
misturam-se ao gosto amargo da aguardente,
é difícil mesmo
arrotar essa vida, reses,
a caminho do
abatedouro.
RÉQUIEM PARA O MONSTRO
A
quantas tragédias o Capitalismo ainda irá anunciar?
Sinto muito em te dizer: muitas ainda,
Porque
é desprovido de compaixão,
Vendem
nas bolsas de valores os seus cadáveres,
nem
se comoverá com o choro das viúvas e órfãos.
Anunciará
um banquete para bendizer a sua usura,
e
nada lhe interessa,
a
não o ser o famigerado lucro.
REDE SOCIAL
Aqui somos felizes,
nada nos atingem, somos suficientes.
Tristeza, que nada.!!!
Sorrimos,
escondendo a nossa dor,
nos desnudamos sem pudores,
exibimos nossos corpos,
como se fôssemos o máximo em beleza
num simples truque nos transformamos em reis e rainhas,
narcisismo de dar inveja em Narciso.
Ridículos, que nada!! Sentimo-nos o máximo na arte de fazer humor.
Bobos da corte, rimos da nossas bizarrices, de nós mesmos.
Aqui parecemos encontrar o elixir da eterna juventude,
a finitude nos parece inexistente,
as nossas mazelas? Façamos de conta que não existem,
nos refugiamos via satélite,
o mundo real não nos importa,
estamos tele transportados para a terra do faz de conta,
como nos contos de fada
nada nos atingem, somos suficientes.
Tristeza, que nada.!!!
Sorrimos,
escondendo a nossa dor,
nos desnudamos sem pudores,
exibimos nossos corpos,
como se fôssemos o máximo em beleza
num simples truque nos transformamos em reis e rainhas,
narcisismo de dar inveja em Narciso.
Ridículos, que nada!! Sentimo-nos o máximo na arte de fazer humor.
Bobos da corte, rimos da nossas bizarrices, de nós mesmos.
Aqui parecemos encontrar o elixir da eterna juventude,
a finitude nos parece inexistente,
as nossas mazelas? Façamos de conta que não existem,
nos refugiamos via satélite,
o mundo real não nos importa,
estamos tele transportados para a terra do faz de conta,
como nos contos de fada
RECADO
Não
me venha com suas teses,
Teorias
e rezas e nem me venha
com
seus projetos de cura.
Por
acaso somos doentes?
Anormais?
O
problema não somos nós,
o
problema existe é na cabeça de vocês.
RECADO DOIS
Não
esconda de você
Dizendo
aos outros o que não é.
Viver
é assumir,
é
dar a cara a tapa.
Sei
que o preço a pagar é alto,
mas
não há recompensa maior em ser verdadeiro.
QUANDO MORREM OS POETAS
Quando morremos poetas,
vão-se embora , os versos.
Virarão estrelas,
para nos deixar mais
encantados.
PROMETO
Prometo não ser o príncipe,
nem o sapo,
dos contos de fada.
Prometo ser o mais comum dos
mortais,
mas um ardoroso e fiel
companheiro
PROFANO DESEJO
E ele
se entregou ao seu homem,
quase
morreu de tanto prazer,
sonhou
estrelas,
teve
orgasmos múltiplos.
Se o
mundo acabasse ali
no
paraíso estava,
profano
desejo.
PROCURA
Andei procurando por mim
e
não encontrei
procurei
por toda a casa,
vasculhei
as gavetas
e
não encontrei.
E
como dentro de casa
eu
não estava,
pus
anúncio no jornal, fiz novena,
consultei
os orixás,
fiz
mapa astral,
fiz
regressão,
e
nem assim fui encontrado.
Mas
não desisto, insisto
persisto
em procurar
mesmo
que escondido
entre
as galáxias.
PRIVATIZE
O meu coração não está a venda,
mas se o senhor capital, quiser,
privatize o meu coração,
e negocie em qualquer bolsa de valor
espalhadas mundo a fora.
mas se o senhor capital, quiser,
privatize o meu coração,
e negocie em qualquer bolsa de valor
espalhadas mundo a fora.
POEMA TRÁGICO
Bebeu sua cachaça, aliviar
suas dores suas causas.
Desceu ardendo goela abaixo,
tão difícil de engolir.
O mundo rodou feito pião.
Fez graça, a platéia riu, puro
escárnio.
E depois de cessada a festa,
foi-se embora recolher ao seu
infortúnio.
Morreu sozinho dias depois de causas
hepáticas.
POEMA INDIGNADO
Não me confies o papel ridículo de bobo da corte,
me falta graça, talento para bajulação,
digo e repito: cansei de exercer o papel da servidão
voluntária,
quero mais é escrever os meus versos coloquiais,
sem rimas, versos livres e sem a pretensão de celebridade,
quero gritar ao mundo, e mandar todos para os quintos dos
infernos,
e depois mandar beijos ardentes, abraços fraternos,
pedindo desculpas, amo todos vocês,
com recomendações para se agasalharem bem no frio.
POEMA INCIDENTAL
Soam os clarins...
na tarde fúnebre,
é a fúria cruel dos imbecis,
deflorando desejos púberes.
na tarde fúnebre,
é a fúria cruel dos imbecis,
deflorando desejos púberes.
PÉS DE BARRO
Os semi
deuses de Wall Street
disseram e fizeram acreditar
que são infalíveis e que Wall Street
é o centro do universo,
e que todos deveriam se curvar.
Mas como mito tem o seu pé de barro,
de agora em diante Wall Street se chamará,
a rua das
ilusões perdidas,
PEQUENO POEMA PARA GRANDES QUESTÕES
Que tens cidade que eu a amo,
Se em ti mora todas as misérias humanas?
PEDIDO
Não me deixe esta noite,
o frio é cortante, a solidão atroz,
tome um vinho, ouça um blues,
apague a luz, dancemos.
A vida é curta, o amor chama,
então fique.
PAIXÃO
A paixão arde,
causa febre, delira,
vê cavaleiros voando ao céu
em dias de tempestade,
embriaga de desejos,
lateja os sentidos
OS RATOS
Os ratos estão aí
se articulando em
surdina,
para roer queijos
na dispensa alheia.
Ratos do subúrbio
unem-se a ratos
da zona sul
Ratos da zona sul
unem-se a ratos do surbúbio,
e não há gatos que
possam
detê-los,
porque escapam
pelas frestas,
dos anais subterrâneos.
OS IPÊS DA MINHA CIDADE
Os abutres nas suas tocaias,
Estão a espreitar as suas presas,
Para destroçá-las e depois
Tripudiar sobre o resto
OS ABUTRES
Os abutres nas suas tocaias,
Estão a espreitar as suas presas,
Para destroçá-las e depois
Tripudiar sobre o resto
ORGASMOS FELINOS
Os
felinos fazem escandalosamente
Amor
sobre o telhado.
Mas
como são vorazes os orgasmos felinos.
ÓRFÃOS
Debaixo
de mim a cidade dorme:
Adormece
as suas picuinhas,
As
suas misérias.
Os
vira-latas quebram o silêncio,
Talvez
solitários, talvez no cio.
Em
algum lugar os amantes roçam
Seus
corpos libidinosos.
Abro
a janela, garoa. Garoa fina e cortante.
È
meia noite? Uma hora?
Sei
lá!
Talvez
os meus fantasmas respondessem.
Adoráveis
fantasmas!
Companheiros
inseparáveis.
OLHAR NOTURNO
Debaixo
de mim a cidade dorme:
Adormece
as suas picuinhas,
As
suas misérias.
Os
vira-latas quebram o silêncio,
Talvez
solitários, talvez no cio.
Em
algum lugar os amantes roçam
Seus
corpos libidinosos.
Abro
a janela, garoa. Garoa fina e cortante.
È
meia noite? Uma hora?
Sei
lá!
Talvez
os meus fantasmas respondessem.
Adoráveis
fantasmas!
Companheiros
inseparáveis.
OLHANDO ESTRELAS
Quando eu estou
triste, vou olhar estrelas
às vezes da minha
janela, ou às vezes da soleira da minha porta,
e os meus olhos
viajam pelo infinito, quero agarrá-las,
mas o infinito é
tão longe, então contento somente em vê-las.
Uma nuvem negra
cobre as estrelas, talvez chova,
quem sabe a chuva
venha, e se vier então molhe os meus desejos,
carregue pela
enxurrada todos os meus ais,
mas a nuvem
passou, não veio a chuva,
então continuo a
olhar estrelas,
até que elas se
vão,
brilhar em outras noites.
O PALHAÇO
O palhaço
também é um fingidor,
se desprende da suas dores,
para curar dores alheias.
Bobo da corte,
ilusionista da graça,
nos leva ao paraíso
de risos espalhados circo a fora.
Bendito seja o palhaço,
paladinos da alegria,
encantadores de gente.
se desprende da suas dores,
para curar dores alheias.
Bobo da corte,
ilusionista da graça,
nos leva ao paraíso
de risos espalhados circo a fora.
Bendito seja o palhaço,
paladinos da alegria,
encantadores de gente.
O GATO DE ALICE
O gato de
Alice
narciso,
enamorado da sua imagem
quis agarrá-la,
o espelho se quebrou
em cacos.
O gato de Alice,
chora em miaus.
narciso,
enamorado da sua imagem
quis agarrá-la,
o espelho se quebrou
em cacos.
O gato de Alice,
chora em miaus.
O FRAGELO DE LORCA
Jaz Lorca estendido no chão,
pleno de sangue,
da cor dos seus versos.
Eles temem.
Eles temem.
Versos são fuzis.
NEGAÇÃO
Jamais comerei a hóstia dos infiéis,
e nem beberei o vinho dos hereges.
Jamais morrerei como Cristo na cruz,
para salvar os canalhas.
Quero a insanidade dos loucos,
que vão por aí,
a pregar a suas parábolas.
segunda-feira, 11 de junho de 2018
terça-feira, 5 de junho de 2018
VULNERÁVEL
Senti sua mão
pesada dentro da minha roupa íntima, quis gritar, sua outra mão sufocou o meu
grito, como sua força era tão grande não
tive como resistir, foi enorme a minha dor, acordei horas depois, estraçalhado.
VIVENDO O MITO DE SÍSIFO
Sonhei que subia uma montanha lamacenta.
Subia até a metade dessa montanha e voltava deslizando, alguma coisa que eu não
sei, me segurava, voltava a subir e acontecia a mesma coisa várias vezes. Eu
vivi o mito de Sísifo e não sabia.
VIA SACRA DOS EXCLUÍDOS
Em procissão a tradicional família brasileira
cantava louvores. Ofegante e em silêncio, ele carregava o seu fardo.
VADE RETRO SATANÁS
_Torturei,
sim. Arrependo de não ter matado todos eles, gente ordinária! Naquele tempo que
era bom, a gente resolvia tudo no cacete, no pau-de-arara, era só neguinho
falar em revolução que o pau comia. Hoje não, é uma esculhambação só, tremo só
de ouvir falar nessa tal de democracia, de direitos humanos, que nojo!
VACILÃO
Com
sua arrogância e machismo peculiar, ele me diz: - não precisa gostar, é só
abrir as pernas.
TRÊS POETAS NUMA NOITE DE CELEBRAÇÃO
Os
três caminhavam pela avenida rodeada de mangueiras, as quais escondiam as luzes
da iluminação pública, vinham de um sarau poético, em comemoração ao aniversário de um dos poetas, e um pouco
embebecidos, conversavam sobre tudo: a arte era o mote preferido, coisas
banais, coisas lascivas, sobretudo celebravam o encontro, desejando que fossem
eternos aqueles momentos e outros vindouros, celebravam a vida apesar das suas
questões existenciais e os seus dramas cotidianos, então se abraçavam,
sublimando as dores comuns.
TIO JOÃO
Meu tio João não era louco,
ficou. Foi a morte do seu cavalo tordilho, que o deixou assim, cavalo bonito,
marchador, em todas as festas fazia bonito, era a sua paixão, para ele era
um carro de luxo. Por uma razão que
ninguém soube explicar, o seu cavalo morreu, foi uma tristeza profunda, entrou
em depressão. Os dias se passaram tio João cada vez pior, ninguém compreendia a
sua dor, meus avós e tios com ele brigava, pedindo que fosse trabalhar, por
ignorância não o compreendia, não oferecia ajuda.E depois de tantas brigas, tio
João tomou uma decisão: enrolou em uma coberta e foi morar no mato, só aprecia
na hora do almoço, minha avó percebendo que tio João não queria contato com
ninguém, colocava o prato de comida em cima da fornalha e saía, entrava, comia,
tomava um copo de água e voltava para o
mato só voltando à noite, quando todos já estavam dormindo, minha avó deixava e fogo aceso para que ele esquentasse
a sua comida, jantava, ia dormir, quando amanhecia, voltava para o mato. Assim
foi passando o tempo, tio João cada vez mais louco, a saúde foi perdendo,
adoeceu, voltou para a casa, sendo cuidado pela minha vó e irmãos, morrendo
dias depois, tio João descansou o seu fardo, sendo enterrado num lugarejo chamado
Coqueiros, a sua morada definitiva.
TECENDO SONHOS
É preciso
entregar a costura, então a costureira põe a chulear, contorna e
contorna, fazendo zigue-zague, desenho mágico, a moça espera com aflição e
deseja estar mais bonita para o namorado. Depois de feito o contorno do
vestido, hora de fazer a bainha, depois os botões, casa a casa, a costureira
alinhava os sonhos. Então terminada a costura, entrega feita mediante pagamento
justo, a costureira espera que a sua arte brilhe no corpo da moça enamorada.
SUSTO
Um
pingo de chuva aproveitando do vão do meu telhado, caiu na minha testa, acordei
assustado pensando que fosse uma bala perdida.
SUBVERTENDO A QUADRILHA DE DRUMOND
João filho de Joaquim e de Margarida
nasceu numa tarde chuvosa, em uma maternidade próxima a sua casa, prematuro
ficou por alguns dias na maternidade, ganhando peso e resistência, viveu e
cresceu cercado de muito carinho, teve uma adolescência livre dos arroubos
comuns a tal idade, optou por estudar Jornalismo,
foi na faculdade que conheceu Tereza,
classe média como ele, filha de Jonas e Beatriz, nascida numa manhã ensolarada,
em um dia de passeata contra a Ditadura Militar, e seus pais alheios aos
problemas políticos e sociais, só queriam curtir aquela filha amada e desejada,
criança tímida, fechada em si, não teve uma infância e adolescência como as outras crianças, já na fase adulta teve uma paixão avassaladora por Raimundo, pedreiro,
filho de Carlos e Gorete, nascido no morro, vindo ao mundo pelas mãos da parteira Jussara, esse foi criança de verdade,
brincou de bola de gude, empinou pipa, jogou bola na rua, pique esconde, fez
todas as peraltices próprias de criança
da favela, desde cedo teve que lutar pela sobrevivência, frequentou pouco a
escola, vendeu picolé, limão no semáforo, algodão doce, servente de pedreiro e
com o pedreiro mestre aprendeu a ser um também, foi quando trabalhou na casa de
Maria, filha do General do Exército, Jonas Albuquerque e Escolástica,nascida
numa noite chuvosa, no hospital do Exército, teve educação rígida, não se
misturava a qualquer criança, estudou em uma escola Católica, onde aprendeu todas as coisas
ensinadas às moças educadas ao casamento,
e foi num domingo quando ia à missa viu Joaquim, filho de Carlos Eduardo e
Cristina, nascido numa madrugada, no rigoroso inverno carioca de 1964, que desde cedo sofreu com a ausência dos pais,
militantes de esquerda, que apareciam e desapareciam, como num passe de mágica,
foi criado e educado pela avó, Dona Socorro, mulher guerreira, fez de tudo para
que nada faltasse ao neto, não revelava ao neto, o real motivo da ausência dos
pais, que despareceram de fato, cujo paradeiro Dona Socorro e Joaquim até hoje
não obtiveramresposta. Joaquim cresceu, fez faculdade, teve uma paixão
platônica por Lili, na verdade Eliete, filho de Arnaldo Soarese Débora, nasceu
numa tarde chuvosa, desde cedo foi uma criança alternativa, questionava desde
cedo as normas estabelecidas, dando muito desgosto aos conservadores pais.
Viveu como quis, namorou quem quis, quando ficou sabendo do interesse de
Joaquim, desconversou, imagine livre como era, nem queria ouvir falar em
casamento, anos depois com medo da solidão, refez o seus conceitos, casou-se
com J. Pinto Fernandes, homem sério empresário do ramo de móveis, filho de
Arthur Pinto e Salete Fernandes, nascido no dia em que o governo militar
decretou o AI-5, cuja mãe morreu devido a complicação do parto, o pai não quis
saber mais de casamento, sempre ausente, coube a tia educá-lo, sendo ela de
convicções severas,
SONHO MACABRO
Sonhei. E o lugar me
parecia um galpão.. Ambiente escuro, só algumas luzes havia ali, tornando-o
semi-iluminado. E o que eu vi era aterrorizante, digno de Edgar Allan Poe,
corpos pendurados em ganchos, tal qual em um açougue, estremeci diante de tal
cenário. Não sei se tomado pelo torpor a imagem foi esmaecendo diante dos meus
olhos, não sei se desmaiei, desapareci na penumbra que o sono nos proporciona.
SOLUÇÃO
Subiu
em uma árvore, ficou pensativo por alguns instantes, não desistiu. Se jogou. Encontrou
na morte, a solução para o absurdo.
SIMPLES ASSIM
Não
trouxe champanhe e nem caviar, nem vinho Lambrusco e Gorgonzola, trouxe um
litro de cachaça e lingüiça calabresa. Comeram e beberam o seu banquete
operário, naquela noite foram felizes do mesmo jeito
SEM SAÍDA
Olhou para todos os lados, um luz incidia fortemente
sobre os seus olhos, não conseguia distinguir onde estava e como foi parar ali,
olhou para o teto e viu câmeras que pareciam olhar para si de uma forma muito
raivosa, parecendo intimidá-lo, gritou, em vão, cada vez que tentava sair dali,
algo o impelia, descansava, recomeçava, e tomado de novo pelo cansaço, dormia.
SEM RUMO
Tentou
escrever alguma coisa e não conseguiu. Ligou a televisão e como sempre só se
ouvia falar em tragédia, desligou. Ligou o rádio e de novo as mesmas notícias. Então saiu, sem destino
algum, onde chegasse era isso mesmo.
SAUDADE BREJEIRA
Era bonito de se ver, poeira levantando
lá pelas bandas do ribeirão, eu já intuía, era boiada, de onde estivesse corria
para a varanda, para ver de mais perto, na estrada próximo à entrada do nosso
pequeno sítio, ficava encantado de ver os bois andando em trotes, enfileirados.
E o aboio dos vaqueiros? Como eram melodiosos e tristes! Mas a boiada obedecia,
parecia para o meu olhar de criança imaginativa, que boi tinha sentimento, tal
era a calma que a boiada ia, calma que às vezes era quebrada por um boi
rebelde, estourava, e todos o seguia, os boiadeiros valentes e acostumados a
lidar com tal situação de novo colocava tudo em ordem. E ao longo da estrada a
boiada ia desaparecendo, deixando-me saudoso de bois e aboios.
QUATRO LUAS
Andava a esmo cidade a fora. vi quatro luas numa poça
d´gua. Eu não estava bêbado. Estava surreal.
PSEUDO HUMILDADE
Tomou a comunhão e de mãos cruzadas olhou para o chão “em
humildade”, na sua contrição de fé pediu a Deus saúde para o seu gado, pois
almeja justo e sagrado lucro.
PONTE FABRICIANO/ACESITA
PONTE
FABRICIANO/ACESITA
Julgou-se necessário. E quando andava na ponte do Rio Piracicaba, viu sua imagem refletida na água turva do rio, imediatamente se jogou, morreu em pleno gozo do seu narcisismo
POEMA QUE VIROU UM CONTINHO
Ele chega altas horas da noite, bate sorrateiramente na minha porta. Ele está ofegante e tem pressa em satisfazer seus desejos de macho. Abro a porta, ele não diz nada, também não digo nada, entrego a seus caprichos, e por alguns momentos penso que estou no paraíso. Fazemos amor? Sei lá! Não importa. Depois de saciado os seus desejos ele vai embora, sem dizer nada.
PERDIDO NUMA MANHÃ QUAÇQUER
Tentou escrever alguma coisa e não
conseguiu. Ligou a televisão e como sempre só se ouvia falar em tragédia,
desligou. Ligou o rádio e de novo as
mesmas notícias. Então saiu, sem destino algum, onde chegasse era isso
mesmo.
segunda-feira, 4 de junho de 2018
PERDIDO DE AMOR
E me amou
daquela maneira que só ele sabe amar. E
me abraçou daquele jeito que só ele sabe abraçar, me fez cafuné, mordeu minha
orelha, disse coisas amáveis no meu ouvido. Me deu um beijo de despedida e eu fiquei morrendo de amor.
OUTRO POEMA QUE VIROU UM CONTINHO
OUTRO
POEMA QUE VIROU UM CONTINHO
Entre, não
arrepare na desordem, o tempo anda escasso e ainda sou desorganizado. Se
acomode, a casa é simples, mas o recebo de coração.
-Onde tem
andado? Poderia ter dado notícias, mandado carta, telefonado, enviado um
e-mail.O bom é que você veio, estou feliz pó isto. Me dê um abraço, vamos
celebrar o nosso encontro, bebendo uma taça de vinho e brindar ao deus Baco,
provando que a vida é bela apesar de tudo.
OBITUÁRIO
Comunicamos com pesar o falecimento do poeta Jurandir Gomes Almeida,
conhecido pelo pseudônimo de Cornélio Pena, falecimento ocorrido ontem quando
atravessava a rua em delírio poético, quando um carro em alta velocidade o
atropelou, cujo motorista fugiu sem prestar socorro. Recomenda-se a todos que
comparecerem ao velório e ao enterro que recitem poesias do referido poeta,
como sabemos era mestre em fazer sonetos, embora em desuso o cultivou até o seu
último suspirar poético
O PRIMEIRO PRESENTE
É difícil descrever a emoção que ele teve ao
ganhar pela primeira vez um presente, simples, mas significativo para quem é
pobre, um chapéu de palha com listras na vertical, ganhara da sua irmã para
participar da quadrilha da escola, e dançou aquela quadrilha com extremo
entusiasmo. Não o tirava para nada, tanto é que o colocou ao seu lado na cama,
e quando dormiu sonhou estar em um jardim cheio de borboletas revoando sobre o
seu chapéu e que veio um vento e o levou. Acordou assustado procurando o seu
chapéu o qual estava todo amassado, dormiu e deitou sobre ele, de fato foi-se
embora o encanto, como prenunciou o sonho.
O PRIMEIRO ORGASMO
O PRIMEIRO ORGASMO
O meu primeiro orgasmo? Inesquecível. Foi uma descarga de
prazer jorrando no corpo dele todo meu
amor, foi em um lugar insólito, mas era nosso
paraíso.
O PRIMEIRO LIVRO
Quando ganhei o livro de contos universais, “As
mais belas estórias”, cursava a quarta série, fiquei deveras encantado, pois
era a primeira vez que eu ganhava um
livro, cujo o conto Ali baba e os seus quarenta ladrões, me deixou em estado de êxtase, até hoje são meus
amigos inseparáveis.
O HOMEM DA CABEÇA DE FLORES DO CAMPO
Não consegui entender semelhante coisa, acordei
todo perfumado, parecia cheiro de flores do campo e era, espantei e vi sobre a
minha cabeça gérberas, girassóis, margaridas, malmequeres, azaleias, papoulas,
lírios, hortênsias, enfim toda a flora campestre. Tentei de toda maneira
desvencilhar de inusitada
situação. Causou alvoroço, na minha pacata cidade, depois as pessoas se
acostumaram, aceitei.
O ENRUSTIDO DO CASARÃO
Ficava o dia todo na janela do casarão, olhando
os homens que passavam, já velho e até então não teve a coragem de assumir a
sua sexualidade, cada homem que passava, imaginava cenas tórridas de sexo
platônico.
O CASO DAS BORBOLETAS
Espirrou e do seu nariz
saíram centenas de borboletas. Estaria louco?. Ficou desesperado. Não lembrava
de nada que pudesse ter provocado aquela alucinação. Bocejou pra ver se aquele
fato se dava só com o nariz, que nada, da sua boca saíram outras tantas
borboleta, piscou e dos olhos saíram borboletas gigantes, suava em bicas de
tamanha aflição, e dos seus poros saíram outras tantas borboletas. Pedir
socorro? Quem poderia acreditar naquela história maluca? Seria motivo de chacota para a familia e moradores da pequena cidade. Não
vendo saída optou pelo auto- extermínio.
MULHER
De onde vem essa força, que é capaz de se transformar em muitas?
Mulher é puro mistério, alma guerreira forjada na luta,
feminina por condição, materna por natureza,
por isso os deuses lhe trazem loas.
Mulher esteio do mundo,
abrigo dos filhos perdidos que voltam pra
casa sedentos de aconchego
MORMAÇO DE TARDE
Éguas no cio,
garanhões
enlouquecidos,
orgasmos
incandescentes
explodindo feito
vulcões
MOLA PROPULSORA
Estamos nus, por aqui,
bêbados errantes tateando os labirintos
das noites escuras, dos vãos da cidade,
margeando sua s sarjetas, bebendo a
aguardente lodosa
das incertezas,
sentindo na pele o açoite vil,
do carrasco domando nossa ira,
estamos perdidos na selva e sem armas,
e nem nos livra a nossa vã utopia,
e se nos resta tê-la como único lenitivo
da inabalável teimosia.
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