terça-feira, 12 de junho de 2018

RIO SANTO ANTÕNIO


O que sou, daquilo que fui?
Nada. Apenas um fiapinho 
da abundância que fui.
Estou fraco, esquelético,
estou sufocado, sem respirar com
as entranhas entupidas, estou dando o
último suspiro,
agonizo e me causa tristeza a indiferença
daquele que anos a fio carreguei no meu leito.
Por mim passaram os que abasteciam os armazéns.
Sobre o meu leito transportei o gado,
gente que chegava que partia,
gente que pescava pra matar a fome,
infelizmente não pude evitar a morte
daqueles que se aventuravam,
fui eu que na cheia fertilizava as margens,
abastecendo com fartura dos paióis,
aqui nasceu uma cultura, lenda, mitos
fui testemunha ocular da estupidez humana,
fui esse gigante esquecido e enjeitado
que carregou no seu bojo de forma generosa tudo isso,
só não se esqueça de uma coisa também,
se eu morrer, morrerão todos vocês.

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