João filho de Joaquim e de Margarida
nasceu numa tarde chuvosa, em uma maternidade próxima a sua casa, prematuro
ficou por alguns dias na maternidade, ganhando peso e resistência, viveu e
cresceu cercado de muito carinho, teve uma adolescência livre dos arroubos
comuns a tal idade, optou por estudar Jornalismo,
foi na faculdade que conheceu Tereza,
classe média como ele, filha de Jonas e Beatriz, nascida numa manhã ensolarada,
em um dia de passeata contra a Ditadura Militar, e seus pais alheios aos
problemas políticos e sociais, só queriam curtir aquela filha amada e desejada,
criança tímida, fechada em si, não teve uma infância e adolescência como as outras crianças, já na fase adulta teve uma paixão avassaladora por Raimundo, pedreiro,
filho de Carlos e Gorete, nascido no morro, vindo ao mundo pelas mãos da parteira Jussara, esse foi criança de verdade,
brincou de bola de gude, empinou pipa, jogou bola na rua, pique esconde, fez
todas as peraltices próprias de criança
da favela, desde cedo teve que lutar pela sobrevivência, frequentou pouco a
escola, vendeu picolé, limão no semáforo, algodão doce, servente de pedreiro e
com o pedreiro mestre aprendeu a ser um também, foi quando trabalhou na casa de
Maria, filha do General do Exército, Jonas Albuquerque e Escolástica,nascida
numa noite chuvosa, no hospital do Exército, teve educação rígida, não se
misturava a qualquer criança, estudou em uma escola Católica, onde aprendeu todas as coisas
ensinadas às moças educadas ao casamento,
e foi num domingo quando ia à missa viu Joaquim, filho de Carlos Eduardo e
Cristina, nascido numa madrugada, no rigoroso inverno carioca de 1964, que desde cedo sofreu com a ausência dos pais,
militantes de esquerda, que apareciam e desapareciam, como num passe de mágica,
foi criado e educado pela avó, Dona Socorro, mulher guerreira, fez de tudo para
que nada faltasse ao neto, não revelava ao neto, o real motivo da ausência dos
pais, que despareceram de fato, cujo paradeiro Dona Socorro e Joaquim até hoje
não obtiveramresposta. Joaquim cresceu, fez faculdade, teve uma paixão
platônica por Lili, na verdade Eliete, filho de Arnaldo Soarese Débora, nasceu
numa tarde chuvosa, desde cedo foi uma criança alternativa, questionava desde
cedo as normas estabelecidas, dando muito desgosto aos conservadores pais.
Viveu como quis, namorou quem quis, quando ficou sabendo do interesse de
Joaquim, desconversou, imagine livre como era, nem queria ouvir falar em
casamento, anos depois com medo da solidão, refez o seus conceitos, casou-se
com J. Pinto Fernandes, homem sério empresário do ramo de móveis, filho de
Arthur Pinto e Salete Fernandes, nascido no dia em que o governo militar
decretou o AI-5, cuja mãe morreu devido a complicação do parto, o pai não quis
saber mais de casamento, sempre ausente, coube a tia educá-lo, sendo ela de
convicções severas,
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